Entenda como o marketing de influência nos vídeos curtos acelera tendências e abre novas frentes para marcas de moda

O marketing de influência, também chamado de publicidade de influência ou influencer marketing, deixou de ser uma aposta pontual para ganhar destaque nas estratégias de comunicação de moda.
A lógica é simples: consumidores confiam em pessoas – não em logos –, e nas redes sociais, os criadores de conteúdo entregam histórias em tempo real, com linguagem acessível e prova social mensurável.
Para marcas que precisam converter atenção em vendas, trabalhar com criadores deixou de ser “tática de engajamento” e virou pilar de crescimento. Hoje, 61% dos compradores descobrem novas peças a partir de vídeos de influenciadores, segundo dados da Rakuten Advertising.
O poder dos creators do TikTok na indústria fashion
O TikTok inaugurou um formato em que tendências nascem, escalam e, às vezes, morrem em questão de dias. Desafios como o #thriftflip ou o revival Y2K são exemplos: bastam 15 segundos para uma calça cargo desaparecer das prateleiras físicas e virtuais.
Para quem produz, o algoritmo recompensa constância e criatividade; para quem vende, ele oferece uma vitrine global gratuita, mas só para marcas que acompanham o ritmo frenético do scroll. Além do alcance, o TikTok entrega contexto de uso.
Diferentemente de um lookbook estático, o vídeo mostra movimento, caimento e versatilidade da peça no cotidiano do criador. Esse conteúdo gera desejo imediato e reduz barreiras de compra, principalmente quando o link está a um toque de distância.
Da passarela ao feed: virais que vendem
Coleções de cápsula, que antes levavam meses para chegar às lojas, agora são pré-vendidas durante um live commerce conduzido por influenciadores.
O ciclo se inverteu: em vez de lançar primeiro e promover depois, muitas grifes apresentam amostras na conta do creator, medem comentários em tempo real e só então produzem em escala a cor ou a modelagem mais pedida.
Cases não faltam. Em 2024, a estilista britânica Mia Regan esgotou seis mil unidades de uma minissaia em 48 horas após aparecer dançando com a peça em um desafio de transição de looks.
A venda partiu de um link in bio e dispensou mídia paga. Para empresas menores, o aprendizado é claro: investir em criadores com público nichado pode gerar retorno tão expressivo quanto uma celebridade, mas com custo e riscos bem menores.
Mensuração de resultados e ferramentas de parceria
Plataformas como TikTok Creator Marketplace, Instagram Collabs e softwares de social listening mapeiam impressões, cliques e conversões em tempo real. As marcas de moda evoluíram do “pague e poste” para contratos baseados em CPA (custo por aquisição), o que alinha o interesse comercial ao conteúdo genuíno do influenciador.
Outro indicador decisivo é o watch-through rate (WTR), métrica que revela quanto do audiovisual foi assistido. Vídeos curtos, porém completos, que mostram close, tecido, composição e styling, tendem a converter melhor do que clipes puramente dançantes.
Quando a peça é fitness: unboxings e roupas de treino femininas
No meio da jornada do leitor, vale observar a explosão dos unboxings ligados à categoria athleisure. Criadoras de bem-estar filmam a experiência de abrir pacotes, mostrar texturas, elasticidade e fazer o “teste do agachamento”.
O efeito é duplo: além de provar qualidade, o ritual cria vínculo emocional. Linhas de roupas de treino femininas ganham destaque nesse formato, por unirem funcionalidade e estética instagramável – combinação perfeita para vídeos curtos que precisam captar atenção nos três primeiros segundos.
Marcas que enviam kits personalizáveis, instruções de cuidado e cupons de indicação multiplicam o alcance sem soar invasivas. O público vê utilidade imediata (“posso treinar ou sair do estúdio já estilosa”) e compartilha nos próprios perfis, ativando a cadeia infinita de user-generated content que sustenta o segmento fitness.
O que esperar do futuro da publicidade de influência
Especialistas projetam que, até 2028, espera-se que mais de 80% das marcas direcionem até 30% de seus orçamentos de marketing para influenciadores. Realidade aumentada, provadores virtuais e live shopping ganharão protagonismo, enquanto a segmentação por afinidade (e não apenas demografia) guiará a escolha de parceiros.
Transparência em contrato, métricas abertas e compromisso ESG serão critérios de seleção tão relevantes quanto engajamento bruto. Em síntese, o marketing de influência não é uma tendência passageira: é uma estratégia de comunicação. Marcas que internalizam processos – do scouting de talentos à análise de dados – mantêm agilidade para surfar sem perder coerência de marca.
A moda sempre contou histórias; agora, conta histórias em sincronia com milhões de telas. Quem souber dialogar nesse palco continuará no topo do feed – e do guarda-roupa – do consumidor.